sexta-feira





















Dentro as casas são líquidas
Sabem o crepúsculo
das manhãs em círculo

Sabem a iniciação
das flores e das janelas

a forma íntima das mãos
abertas lentas ao respirar cortante das cigarras.

Dentro as casas ouvem-se
o bailado nocturno de uma planície
o silêncio primitivo das palavras
a rota dos grilos
e a casa líquida do tempo onde à noite
todos os girassóis dormem e tombados sonham.

As sombras correntes deslizam afáveis
sobre a vastidão de um olhar tardio,
sabem o perscrutar dos lábios
e o fim
onde dentro as casas são líquidas
e fora os campos são férteis.


Fotografia de Jean Philippe Charbounnier.

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