domingo

Sede

sacudidas no frio das sombras, mortas
as vozes ainda húmidas
no eco das árvores ardiam absortas.
tranquilamente receptíveis à exaltação dos campos
remexiam os astros
com gritos de vento e mar.












As coisas mais tristes conhecem o sabor do Outono.
No Outono meninas penduram cabelos no parapeito da janela
escutam o desmaiar lento da tarde sobre o silêncio.

As mães entrançadas de poros abertos estendem os músculos
costuram amor por todas as divisões da casa
desenham ao redor fontes breves de rostos primaveris
e mimam flores em vestidos de seda.

Fotografia retirada da net.

sábado















Uma boca sopra o tempo.

sexta-feira











o sábio sabe que o vento
é o silenciar do espírito,
a quietude das águas
a união de todos os ventres.



















As minhas palavras são tristes
a minha voz é nada mais que um grito.
Um grito lento e surdo.

Muitas foram as vezes em que fiquei. esquecida de medo e à escuta. ainda fico
todas as noites: na sombra escura
na cruz da tua comunhão
de abraços abertos ao crepúsculo da janela.

Fotografia de Lilya Corneli.











de madrugada espantam-se os pássaros
asas flutuantes criadoras do vento
procissão cantante
onde nascem
flores entregues ao bailado
onde desmaiam
pétalas entregues ao destino.

vestidas as asas de um rápido azul
esgotam-se na lentidão
da paisagem
esgotam o alvoroço
das águas
beijam de sede
seios floridos.

da terra desvastada soa a fertilidade
a um breve esgar de melancolia.
ocheiro das raízes cobre as casas, amadurecidas
as árvores brotam
o verde, a sombra
das mãos assentes em Deus, arquejam
Papoilas.

Fotografia retirada da net.