naquela noite foram os pássaros a lembrar o silêncio mais alto. no teu rosto não soou nenhum alarme em direcção ao sol. a chuva demorou catorze dias a morrer no vidro da garrafa, a encontrar a outra metade da luz.
chegamos a casa e trocamos pétalas por ossos. as mãos ficam transparentes. ainda trazemos a água dos peixes na ponta dos dedos, destroços de uma árvore na boca. é possível ver alguns cadáveres do outro lado. o mesmo movimento de sempre, digo: abre a porta, devagar. sabemos pouco do animal morto da sua cabeça e pescoço húmido a desaparecer na terra. do intervalo da nuvem a queimar a matéria dos objectos.