sábado

no balcão da leitaria



das mãos do pai da marta
lembro-me que transpiravam debaixo de água e
depois escureciam quando já nada havia a levantar da mesa.
eu pensava que podia escrever nelas, inventar-lhes um segredo
uma hipótese que não fosse só a aflição das nossas mãos e
ter de esfregá-las muito, uma de em contra a outra.
lembro-as pousadas no balcão da leitaria
na pouca tarefa de lhe passar um pano húmido, de vez em quando.
nunca o disse, mas soube que lhe fora merecido encontrar
o fim à noite, para depois se precipitar sobre ela, sem importância.


2 comentários:

Flávia Vida disse...

e, por dentro, o amor. <3

Susana Miguel disse...
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