sexta-feira

ainda a chuva, a cair fria do outro lado

não consegui dizer-lhe a morte e as suas mãos nos meus cabelos.
poderia ainda dizer-lhe que nunca consegui esquecer
a morte das suas mãos as mãos no limite da mesa e ainda a chuva

a cair fria do outro lado. escrevo outra vez sobre as suas mãos
e a morte e esta distância que nos afasta o coração das margens
e depois de uma outra morte que não consigo explicar porque se confunde
com a água e com o coração dos pássaros
com a água que existe no coração dos pássaros
com tudo o que existe dentro do coração dos pássaros.
não consegui dizer-lhe uma morte diferente da sua
nas minhas mãos. não conheço a morte que as outras mãos têm e
é por isso que me é tão difícil amá-las.


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